decoração clássica

Decoração clássica: O que é, princípios e aplicações na arquitetura de interiores

O que faz um espaço ser considerado atemporal? A decoração clássica é um dos maiores exemplos de estilos que se perpetuam no tempo, tocando pessoas pelo primor a cada detalhe. Para compreendê-la por completo, não hesite em ler até o final.  

Nesse artigo você vai descobrir: 

Aproveite a leitura! 

O que é decoração clássica?

O estilo clássico é a manifestação de uma linguagem visual exigente e elegante. Através dele, tem-se a busca incansável pela harmonia e proporção dos elementos entre si e com o todo. Trata-se de uma estética de tamanha importância para a História da Arte, que prevalece na Europa do séc XIV ao XVII, podendo ser vista em templos religiosos, edifícios públicos, marcos das cidades, e mais tarde, na arquitetura de interiores.

Esse estilo responde ao rigor dos ideais de perfeição da Antiguidade Clássica Greco-romana de XVII e do Classicismo de XVI e, por conta disso, perpassa reflexões mais extensas acerca do equilíbrio, beleza e perfeição do homem e suas obras.  Também deriva do homem vitruviano (ou homem de Vitrúvio) de Leonardo da Vinci, cujos estudos das formas, feitos no séc. XV durante o Renascimento, somam na expressão do modelo clássico de beleza. Para deixar mais claro, estamos falando aqui de:

“Um desenho de Leonardo da Vinci (1452-1519) que foi produzido em 1490, durante o Renascimento. Ele representa o ideal clássico de beleza, equilíbrio, harmonia das formas e perfeição das proporções. Hoje é uma das obras mais conhecidas e reproduzidas no mundo.  Com a união de estudos de matemática, arquitetura e filosofia, Da Vinci conseguiu atingir a perfeição no desenho” - Fonte: Toda matéria.
decoração clássica

Assim, aos olhos do estilo clássico, o belo é aquilo que se alcança através de preceitos objetivos e matemáticos, como a proporção áurea, simetria e geometrias ortogonais, orientados pelos eixos principais de um desenho. Referidos conceitos, quando aplicados à arquitetura de interiores, podem ser traduzidos como a concepção de espaços harmônicos, muito bem planejados e organizados, segundo critérios de simetria entre os elementos e de organização ortogonal.

Em razão disso, muitos a consideram como um estilo atemporal, sobretudo quando associado a decoração contemporânea ou na sua versão neoclássica, como veremos posteriormente. O que se percebe é que, mesmo com tanto tempo de uso, a decoração clássica consegue se perpetuar e manter-se sempre atual no que tange ao design de interiores. 

Outra importante característica desse estilo é o fato de seguir uma estética de alto padrão, percebida através de acabamentos finos e, muitas vezes, mais requintados. Que, no geral, visam transmitir sofisticação e elegância, como uma referência direta à Antiguidade Clássica. 

Por conta da simetria e do ideal de perfeição herdados do Período Clássico, a atmosfera alcançada pode soar mais formal, rigorosa ou até mesmo pouco convidativa, quando mal administrada pelo profissional. Um ponto de atenção que reforça a necessidade de ter equilíbrio na composição como um todo. 

Princípios da decoração clássica 

Diante de tanta influência teórica, é muito importante ter clareza dos princípios gerais que orientam a decoração clássica para saber aplicá-la nos seus projetos. Nesse intuito, separamos abaixo os principais, os quais são:

✔ Composições simétricas;

✔ Predomínio da organização ortogonal;

✔ Atmosfera equilibrada, elegante e sofisticada;

✔ Paleta de cores neutras, tons suaves e texturas discretas (nas suas versões mais puras);

✔ Peças de perfeito acabamento;

✔ Riqueza de detalhes e ornamentos; 

✔ Alguns móveis ou acessórios com aspecto de antigo. 

A decoração clássica, como se vê, tem um caráter bem exigente. Desde a organização do espaço, até os itens que a compõem, ela segue uma ótica bem seleta. Cada decisão calcula o espaço na íntegra, uma vez que deve resultar em uma harmonia que seja de fácil constatação por qualquer pessoa. 

O fator estético aqui é importantíssimo. Enquanto a decoração minimalista e a decoração escandinava priorizam as funções das coisas e a real necessidade de tê-las, o estilo clássico, por sua vez, prefere valorizar a aparência de suas peças e as impressões visuais e sensoriais que elas transmitem. Por isso, utiliza bastante de elementos, ainda que meramente decorativos.

No geral, é constituída por materiais mais polidos, lisos e perfeitamente acabados. Sendo (quase) o completo oposto da decoração rústica, caracterizada pelo uso de texturas ásperas e de aparência mais bruta e natural. 

Dentre todos os princípios ora elencados, é imprescindível destacar a simetria. Afinal, trata-se de um dos maiores responsáveis pelo visual balanceado que se pretende alcançar em uma decoração clássica.

Através desse recurso, fazemos uma divisão imaginária no desenho do ambiente, em que cada lado recebe uma reprodução fiel do outro. Conforme demonstramos a seguir:

decoração clássica

Explicando melhor:

“O equilíbrio simétrico funciona utilizando o eixo invisível (do centro do seu ponto focal) e aplicando arranjos espelhados de diferentes elementos de cada lado. Os pontos focais são um aspecto importante de uma sala, pois nos fornecem não apenas interesse visual, mas também um senso de ordem” - Fonte: The interior editor.

Dessa maneira, o resultado não apenas é um visual clean, como o alcance de um importante senso de ordem, na medida em que também cria-se um ponto focal no ambiente. Aos moldes clássicos, é a partir dessas premissas que se pode considerar um espaço bonito ou não. 

Indo mais a fundo no tema, vemos com mais recorrência na decoração clássica:

✔ Mármore na composição (em pisos, bancadas, etc.);

✔ Madeira escura;

✔ Dourado, prata e bronze nos detalhes;

✔ Florais, arabescos, mosaicos e demais elementos mais rebuscados;

✔ Forro de gesso trabalhado (ou seja, com mais detalhes);

✔ Paredes com boiserie;

✔ Mobiliários de couro, cadeiras estofadas e com captonê;

✔ Pendentes tipo lustre;

✔ Estatuetas, porcelanas, castiçais, molduras e espelhos;

✔ (Dependendo do ambiente) pode ter: frisos e pilastras. 

Aplicações da decoração clássica

Até aqui, estudamos sobre a importância da simetria, do senso de ordem, elegância e harmonia para a decoração clássica. Mas, em termos práticos, isso implica em certas decisões de projeto específicas, cuja análise faremos a seguir. 

Antes de tudo, vale ressaltar que um dos maiores desafios deste estilo de decoração é contemplar o luxo e a hospitalidade no mesmo espaço. Isso porque, falar em sofisticação, traz imediatamente consigo a impressão de que tudo está em seu devido e exato local sempre. Quase uma resposta inconsciente de que as coisas não podem ser tocadas ou usufruídas de verdade porque foram caras demais e precisam se manter intactas.

Contudo, sabemos que a perfeição esperada na Antiguidade Clássica (por mais ideal que seja ao modelo clássico de decoração) não consegue se aplicar às 24 horas do dia com tamanho rigor e o excesso dessa abordagem pode dificultar o aproveitamento do espaço, intimidar os seus moradores e convidados ou mesmo prejudicar a sensação de acolhimento naquele lar. 

Dizemos isso com o intuito de enfatizar a importância de dosar bem a composição do espaço, colocando o equilíbrio por trás de cada decisão, não apenas em termos de layout, mas também no que tange às experiências proporcionadas. Feitas essas ressalvas, esteja atento ao melhor layout sempre. Na decoração clássica,  esse processo de arranjo da mobília é fundamental para que tudo funcione bem, não apenas esteticamente, mas também na rotina dos seus clientes. 

Independente do cômodo em questão, certifique-se de criar uma organização visual direcionada a algum ponto focal e dê uma ordem de relevância aos demais. Não existem campos “soltos” neste estilo e o espaço precisa conduzir de forma muito intencional o olhar das pessoas, mostrando para onde elas devem visualizar primeiro e na sequência. 

Pense nesse ponto focal como alguma peça grande que mereça destaque. Pode ser uma obra de arte, uma lareira (dependendo da localização geográfica do imóvel), ou mesmo algum elemento arquitetônico, como uma janela.   

Depois disso, já é possível organizar os demais mobiliários segundo o princípio da simetria, através do recurso de espelhamento que já vimos anteriormente e repetir esse processo de balanceamento nos itens decorativos também. 

Em outros termos:

“A chave para um interior clássico é a simetria e a ordem, geralmente alcançadas através do trabalho em torno de um ponto focal chave, como uma lareira. Comece observando o básico (...). O truque é ter um ponto focal - talvez aquela janela saliente ou o conjunto de portas francesas. Se não tiver um, você pode facilmente encontrar a linha central da sala e usá-la como ponto de partida” - Fonte: Homes to love.

Além disso, cuide do acabamento dos elementos escolhidos. Na decoração clássica,  a premissa do “cada detalhe importa” vale como uma máxima. Lembrando que esses detalhes são usados no sentido de aparência e finalização dos materiais, muito vinculados à exclusividade e à excelência.

Diferentemente do que acontece na decoração boho, em que nos referimos aos detalhes como aqueles mais relacionados aos sentimentos e memórias envolvidos e mais distante ainda do que ocorre na decoração industrial que, no geral, está se referindo aos materiais desgastados, ao aspecto de inacabado e de reaproveitamento.

Em resumo, a decoração clássica pode incluir:

✔ Porcelana;

✔ Antiguidades (em pouca quantidade);

✔ Pinturas;

✔ Esculturas;

✔ Espelhos emoldurados em dourado ou bronze;

✔ Luminárias em versões mais volumosas (feitas de cristal, vidro, etc).

Quanto à paleta de cores e o uso de texturas, é mais recomendado evitar os tons vibrantes, uma vez que este estilo, em sua essência, vê nas cores neutras como o branco, bege, off white e variações do marrom, o caminho para a atmosfera tranquila e equilibrada pretendida. 

Diferença entre decoração clássica e decoração neoclássica

Também vale ressaltar que hoje temos a aplicação de uma releitura atualizada do modelo clássico, denominada neoclássica. Em sua nova versão, o peso da estética diminui para contemplar as demandas emergentes dos lares contemporâneos. 

Assim, embora o fundamento teórico e a apresentação geral permaneçam os mesmos do modelo clássico tradicional, é bem perceptível que o lado prático e funcional passa a ter mais voz nas escolhas de projeto dentro da decoração neoclássica.

Continuam a elegância, o design proporcional, linhas simples (e bem acabadas) e, inclusive, o apreço às antiguidades. Entretanto, o neoclássico demonstra uma compreensão mais flexível dos conceitos, permitindo certa interação com outros estilos e materiais e, até mesmo, um pouco mais de liberdade criativa aos profissionais.

Nesse sentido, outras associações se tornam bem vistas, desde que, mais uma vez, feitas com moderação. Tons pastéis ou até mesmo cores mais escuras combinadas com o dourado, por exemplo, podem ser usadas na decoração neoclássica como escape da previsibilidade que predomina no estilo mais tradicional.

O resultado dessa variação é um design tido, cada vez mais, como atemporal. Isso porque consegue reunir em um mesmo ambiente as premissas de organização e equilíbrio da decoração clássica, com as tendências de design e constantes mudanças no estilo de vida do mundo contemporâneo. 

Daí a importância de conhecê-la(s), por completo. Afinal é uma estética sempre muito procurada, sobretudo pelas pessoas mais exigentes que visam permanecer com o mesmo design de interiores por longos anos. Você tem muitos clientes com esse perfil? 


Até a próxima, 

Equipe Vobi


Referências:

www.obviousmag.org

www.todamateria.com.br

www.blog.luxury-italianfurniture.com

www.homestolove.com.au

www.smalldesignideas.com

www.pt.slideshare.net

www.netmundi.org

www.homesandgardens.com

www.spiegato.com/pt

www.hackrea.com

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