As recentes mudanças anunciadas pela Caixa Econômica Federal e pelo governo federal nas regras do crédito imobiliário prometem reacender o fôlego do setor da construção civil. A principal novidade é o aumento do teto de imóveis financiáveis com recursos do FGTS, além da retomada do financiamento de até 80% do valor do imóvel, o que deve impulsionar novos empreendimentos e destravar a compra de unidades de médio e alto padrão.
Aumento do limite do FGTS: imóveis de até R$ 2,25 milhões
Uma das mudanças mais relevantes é a elevação do teto do Sistema Financeiro de Habitação (SFH).
Antes, apenas imóveis de até R$ 1,5 milhão podiam ser financiados com recursos do FGTS. Agora, o limite sobe para R$ 2,25 milhões.
Essa atualização amplia significativamente o alcance do programa, permitindo que imóveis de padrão mais alto sejam financiados com taxas reguladas e condições mais vantajosas.
Na prática, isso aproxima o SFH de um público de classe média e média-alta, que antes precisava recorrer ao Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), onde os juros são maiores e as exigências, mais rígidas.
Para os construtores e incorporadores, isso abre um novo nicho de mercado: projetos voltados para o público que deseja imóveis entre R$ 1,5 e R$ 2,25 milhões, agora com acesso facilitado ao crédito.
Financiamento de até 80% do valor do imóvel
A Caixa também anunciou a volta do financiamento de até 80% do valor do imóvel no Sistema de Amortização Constante (SAC).
Nos últimos anos, esse percentual havia sido reduzido para cerca de 70%, exigindo uma entrada maior e restringindo o número de compradores aptos a financiar.
Com a nova regra, o banco amplia o acesso ao crédito, reduz a necessidade de capital inicial e favorece a liquidez de novos empreendimentos — um fator crucial para quem depende da velocidade de vendas para girar capital de obra.
Essa flexibilização foi possível após ajustes nas normas de aplicação dos recursos do FGTS e da poupança, que liberaram mais fundos para o crédito habitacional.
Por que o governo fez essas mudanças?
As medidas fazem parte de um plano estratégico para reaquecer o setor imobiliário e, com ele, a economia.
A construção civil é um dos maiores empregadores do país, e seu crescimento tem efeito multiplicador em dezenas de cadeias produtivas — do aço ao acabamento.
Segundo a própria Caixa, o novo modelo de financiamento está sendo implementado em fase de testes até o fim de 2026, e deve ser totalmente operacional a partir de 2027.
O objetivo é calibrar o sistema, observar o comportamento do mercado e garantir que o crédito se mantenha sustentável.
Impacto direto para engenheiros e construtores
Essas mudanças trazem oportunidades reais para o setor:
- Maior demanda por imóveis novos: com crédito mais acessível e entrada menor, o comprador volta a buscar unidades na planta.
- Valorização de terrenos urbanos: o novo teto do FGTS amplia o público comprador de regiões de médio e alto padrão.
- Planejamento de novos empreendimentos: abre espaço para produtos imobiliários entre R$ 1,5 e R$ 2,25 milhões, um segmento que estava retraído.
- Mais previsibilidade no fluxo de caixa: com maior volume de financiamento, as construtoras podem planejar lançamentos com menos risco de estoque parado.
- Estímulo à formalização: o crédito oficial favorece empreendimentos regularizados, incentivando boas práticas construtivas e de documentação.
O que observar daqui pra frente
- Taxas de juros: embora as condições do FGTS sejam atrativas, o comportamento da taxa Selic ainda influencia o custo final do crédito.
- Oferta de crédito nos bancos privados: o movimento da Caixa tende a pressionar outros bancos a ajustarem suas políticas.
- Custos de materiais e mão de obra: com a esperada expansão da demanda, é provável que os insumos sofram reajustes graduais.
- Ritmo de aprovação de projetos: municípios e órgãos de licenciamento podem precisar se adaptar a um aumento no número de novos empreendimentos.
O conjunto de medidas — aumento do teto do FGTS, flexibilização da poupança e retomada do financiamento de 80% — representa um marco importante para o crédito habitacional no Brasil.
Para engenheiros, construtores e incorporadores, este é o momento de reavaliar portfólios, ajustar projetos e planejar lançamentos alinhados à nova faixa de financiamento.
O crédito mais acessível e o aumento do teto devem trazer um novo ciclo de aquecimento para a construção civil, especialmente entre 2025 e 2027.