Psicologia das cores amarelo
May 3, 2023

Psicologia das cores: amarelo, revigorante e versátil

O Sol, estrela central do nosso Sistema Solar, proporciona à humanidade a experiência da cor amarela, de forma coletiva e simbólica: na psicologia das cores, o amarelo é alegre e revigorante. Por causa disso, otimistas e pessoas saudáveis estão relacionados a uma disposição ensolarada, amarela e por isso é uma cor empregada em diversos ambientes, internos e externos, quando o objetivo é levantar e revigorar o astral.

Veja a seguir, portanto, o que é relevante na psicologia das cores sobre amarelo, uma vez que é preciso ter cuidado em sua escolha em projetos. Assim, há dicas de aplicação da cor e seus variados tons, bem como arranjos cromáticos, no projeto e exemplos para você se inspirar e não errar. 

Aproveite a leitura!

Qual o significado da cor amarelo na psicologia das cores

Na natureza, muitas plantas buscam o Sol por conta de seu fototropismo, é o caso dos girassóis. Não é coincidência que o quadro mais conhecido de Van Gogh seja intitulado ‘Os Girassóis’, pintado em 1888, intrigante pela técnica de sobrepor tons de amarelo. Além de cor favorita do pintor, que para ele representava a energia que pairava sobre a França no final do século XIX – tanto em Paris quanto no interior, onde viveu.

Psicologia das cores amarelo
Fonte: Follow The Colours, reprodução da obra de arte.

É possível ver no quadro, permeado pela cor amarela no plano de fundo e na superfície onde assenta o vaso, os diferentes tons de amarelo em cada um dos girassóis retratados, que muitos interpretam representar as diferentes fases da vida. Na psicologia das cores, o amarelo possibilita essa aplicação, da vibração ao quase marrom. A escolha das pinceladas em tinta espessa demonstra também relevo, que o plano de fundo não consegue. Ainda é destaque a estrutura dessas flores, as sépalas verdes, relembrando que na psicologia das cores, verde é a representação da natureza.

O amarelo por ser uma das três cores primárias não pode ser obtido pela mistura de outras cores, como o azul e o vermelho. A relação entre as três é forte e presente em muitas obras de arte, principalmente dos fauvistas, como Henri Matisse e a brasileira Anita Malfatti. Em seus quadros, é possível ver objetos cujas cores naturais foram trocadas, como A Boba, com uma mulher sentada em uma cadeira amarela, com uma camisa amarela remetendo à inocência, também. No entanto, amarelo é a mais clara dentre todas as cores que, além da luz solar, também é relacionada ao ouro. Com adição do branco se aproxima da apreensão de luz, e está relacionada a diferentes tons de cabelos quando varia a pigmentação adicionando o preto.

Eva Heller aponta que o amarelo, “mais do que todas as outras cores, depende das cores combinadas a ela. Perto do branco, o amarelo parece radiosamente claro, perto do preto inconvenientemente berrante.” 

Contudo, essa característica remete a certa instabilidade porque ao adicionar uma pitada de vermelho, o amarelo se transforma em cor quente, (na psicologia das cores, laranja), ou adicionar uma pitada de azul (na psicologia das cores, cor da paz) e ela se torna verde. Já com a adição de um tantinho de preto é obtida uma cor amarronzada, como suja e opaca. 

Para que o amarelo atue quente e alegremente, ele precisa da companhia do vermelho e do laranja. A tríade “amarelo, laranja e vermelho” significa prazer em relação a tudo que o cerca: ele é o acorde da alegria de viver, da atividade, da energia e da animação clamorosa.

“Todos sabem que o amarelo, o laranja e o vermelho transmitem e representam ideias de contentamento e de riqueza.” - Eugène Delacroix

O amarelo, no simbolismo antigo europeu, também é a cor da inteligência. Da mesma época é o entendimento que azul é a cor do espiritual, pertence aos poderes extraterrestres, quase como o violeta (na psicologia das cores, roxo). O vermelho é a cor das paixões, pertence ao coração; o amarelo é a cor da inteligência, pertence à cabeça. 

O amarelo pode despertar sentimentos positivos e negativos, de acordo com sua aplicação e, também, culturas. O amarelo é a cor do otimismo, da recreação e jovialidade. Ele é a cor da iluminação, do entendimento. Também da irritação, da hipocrisia e da inveja, dos desprezados e dos traidores. Na psicologia das cores, amarelo é assim: extremamente ambíguo.

Sobre as primeiras características apresentadas, é interessante ver a edificação do Hospital de Paimio, do arquiteto finlandês Alvar Aalto. O projeto construído apresenta a utilização de cores de modo muito acertado. Desenhado por ele com colaboração de Aino Kauria, decoradora e sua esposa, escolheram cores em consonância com as necessidades dos ambientes do hospital de caráter psiquiátrico, além de suas formas orgânicas. Para a recepção, a cor escolhida foi o amarelo, ou seja, representa o desejo do positivo, do otimismo para a recuperação de quem ali se interna.

O balcão de recepção, no entanto, não é original, sendo adicionado na década de 1950.

Psicologia das cores amarelo
Fonte: Arch Eyes, foto de Fabrice Fouillet.

Tal como A Boba, representada no quadro, o amarelo é jovial quando em tons atrelados ao branco. Ao se aproximar do vermelho (na psicologia das cores, a de tom mais quente) ou preto, escurece tal como as folhas das árvores no outono. 

Em virtude disso, o amarelo também representa a maturidade, idade idealizada como dourada: espigas douradas, frutos dourados, folhas douradas da estação. Heller sugere, a título de teste, que ao juntarmos maçãs e peras verdes com outras já amarelas, e convidarmos alguém a pegar as mais maduras ou as que estarão mais doces, essa pessoa escolherá as amareladas.

Possivelmente é por compreender todas as fases e idades, que o amarelo seja o representante da felicidade. Por trabalhar na psicologia das cores, o amarelo segue em direção à iluminação. Algo relacionado a isso é o próprio nome atribuído ao movimento dos filósofos na Idade Moderna, o “Iluminismo”, e por conseguinte, o século XVIII se tornou o “Século das Luzes”. 

Das características desse momento duas estão bastante relacionadas às características do amarelo, que estão impressas aqui, o cientificismo e o otimismo. A construção da ciência, da sabedoria.

Em contrapartida, como anunciado, no simbolismo das cores, a todo pecado, a toda característica negativa corresponde o preto. Segundo Heller, “o amarelo puro, a cor da iluminação, quando combinado com o preto, torna-se a cor simbólica do impuro. O amarelo da inteligência se turva, transformando-se na cor da falta de discernimento.” Resgatando a ambiguidade do amarelo na psicologia das cores

A partir desses apontamentos, veja onde aplicar a cor amarela em seus projetos. Atente-se a tipologia de projeto, além das necessidades de clientes e do programa de necessidades elencado. A partir das relações simbólicas presentes na psicologia das cores, amarelo e as demais cores (primárias, secundárias e terciárias) podem determinar como e onde deve ser empregada em relação às determinantes do projeto.

Onde aplicar a cor amarela no projeto

Como cor da luz, o amarelo se relaciona ao branco. “Luz” e “leveza” são propriedades que contêm o mesmo caráter. Como visto, o amarelo é a mais clara e a mais leve das cores cromáticas, mesmo no estado puro. Seu efeito é leve, pois parece celestial. Desta forma, pensar um quarto de crianças ou adolescentes com o teto pintado de amarelo tem um efeito agradável, como se estivesse inundado por luz solar. Ao falar de iluminação artificial, a luz de uma lâmpada quente é amarela e, quanto mais amarela, mais natural como o Sol, mais harmonizada com o ciclo circadiano e, ainda, bonita.

A leveza pode ser característica desejada em fachadas de habitação de interesse social, como o projeto do escritório Jirau. Cada unidade habitacional é constituída de planos de cor branca, interceptados por outras cores, formando blocos a partir de cada cor. Ao atribuir um conjunto ao amarelo, na psicologia das cores, é criada leveza.

Psicologia das cores amarelo
Fonte: ArchDaily, cedida pelo escritório Jirau.

Outra opção de leveza é por meio da mistura com o rosa (resultado da junção de vermelho com branco). O amarelo, combinado ao rosa e ao branco designa leveza, pequenez – atribuída às crianças e à delicadeza. Exemplo é o Mama Smile, espaço recreativo para crianças em um shopping de Mito, no Japão, do escritório Emmanuelle Moureaux Architecture + Design.

Psicologia das cores amarelo
Fonte: ArchDaily, foto de Daisuke Shima.

O amarelo, ao ser relacionado com a luz do Sol, também traz sua cor quente, seu calor. No espaço acima é possível perceber que é a cor mais energizante do ambiente, mas ainda de forma suave. Para gerar efeito ainda mais caloroso deve-se combinar o amarelo ao laranja e ao vermelho. Vermelho, laranja e amarelo são o acorde do calor e da energia, segundo Heller.

A natureza também nos contempla com espécimes da fauna e flora em tons de amarelo, para além dos já mencionados girassóis e folhagens. O amarelo intenso pertence ao verão, o amarelo ouro ao outono, assim como o verde à primavera. O verde, na psicologia das cores, é o crescimento, o amarelo é a floração. 

O amarelo é a cor mais comum nas flores. Na primavera isso se evidencia com seu desabrochar. Algumas espécies amarelas para serem utilizadas são as acácias, mimosas, primaveras, narcisos, prímulas, representando o otimismo do amarelo na psicologia das cores. Na flora brasileira o Ipê é abundante, sendo o amarelo uma das cores de suas flores.

Ipês amarelos viram charme do Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande (MS), neste corredor ao longo da pista de caminhada e ciclofaixa. Alegra a prática de exercícios!

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Fonte: G1, foto de Gabriel Marchese.

No paisagismo, em pontos de cor em ambientes internos e externos e até mesmo como ponto focal em fachadas. O amarelo é uma cor versátil. Veja exemplos com a cor amarela aplicada de modo assertivo ao projeto.

Exemplos de projetos com a cor amarelo

Não seria diferente indicar a possibilidade da utilização de reproduções de quadros no projeto de ambientes em interiores. Ao relacionar as necessidades do cliente com a cor amarela, pode-se utilizar pôsteres como Os Girassóis de Van Gogh compondo com o mobiliário.

Psicologia das cores amarelo
Fonte: Canva Star.

Já em edificações institucionais, o amarelo é bem-vindo em seu tom mais puro. Em museus, na psicologia das cores, amarelo remete à inteligência, bem como é importante a cor a contrastar com as paisagens urbanas e ser ponto de cor e de atenção, como no aeroporto Madrid Barajas, que ilustra a capa, e nas estações de metrô.

Psicologia das cores amarelo
Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Paraná, Brasil | Fonte: G1, foto de Alessandro Vieira.

Arcos concêntricos inclinados em aberturas zenitais permitem a entrada da luz natural e inundam o espaço já amarelo das estações da Linha 2 do CCR Metrô Bahia, projeto da JBMC Arquitetura e Urbanismo, em vista lateral externa e interna.

Psicologia das cores amarelo
Fonte: ArchDaily, foto de Nelson Kon.
Psicologia das cores amarelo
Fonte: ArchDaily, foto de Nelson Kon.

Em termos de paisagismo, o Pavilhão da China na Expo Milão 2015, projetado em parceria pela Tsinghua University e o Studio Link-Arc relaciona tons de amarelo para destacar a edificação. Segundo os projetistas, o tema do pavilhão é "A Terra da Esperança", utilizando as formas do relevo natural e das edificações da cidade, expressando a ideia de que a "esperança" se realiza quando a cidade e a natureza existem em harmonia. 

Na psicologia das cores, amarelo é a cor da harmonia, junto ao verde, da esperança. São vários canteiros com diferentes flores amarelas e campos de trigo, criando a ambiência desejada. Os pavilhões dos países em exposições internacionais são emblemáticos pois precisam sintetizar a cultura, além de promover marketing, que na psicologia das cores é algo a ser bastante estudado.

Psicologia das cores amarelo
Fonte: ArchDaily, foto de Sergio Graza.

Madeira laminada colada em tons claros, amarelados em relação com o exterior. Nesta vista interior. Vê-se os canteiros de trigo, importantes para a cultura e economia chinesa.

Psicologia das cores amarelo
Fonte: ArchDaily, foto de Sergio Graza.

Assim como o Hospital projetado por Alvar Aalto, nesta Biblioteca da Penitenciária Feminina do Proyecto Reacciona, o amarelo foi empregado em tom pigmentado com o branco. A biblioteca, espaço do conhecimento por excelência, foi motriz para a criação de um espaço para atender as necessidades da população, além das encarceradas, visando o desenvolvimento de atividades positivas. Frequentar um espaço assim é para revigorar as energias.

Psicologia das cores amarelo
Fonte: ArchDaily, foto: Héctor Padilla Ferraris.

Para finalizar os exemplos de projeto, o “Apartamento Intendente”, projetado por Confort+Figueiredo Arquitetos. O duplex de estilo industrial abusa de pontos de cor em tons de amarelo (na psicologia das cores, amarelo com pigmento preto cria gravidade, é masculino) que flertam com o verde, cinza e preto, sem deixar de evidenciar a masculinidade do ambiente.

Psicologia das cores amarelo
Fonte: ArchDaily, foto: Renato Confort.

Na varanda o jardim vertical ao fundo, com o piso vinílico cinza e amarelo destacam as cadeiras amarelas.

Psicologia das cores amarelo
Fonte: ArchDaily, foto: Renato Confort.

O artigo mais alegre dentre todos da Psicologia das Cores? Amarelo, obviamente. Para todas as idades, e com um tom representativo para cada uma delas, o amarelo apresenta a energia do Sol e a leveza por meio de seu pigmento. Comum na natureza, são muitas as flores que trazem seus tons, além das folhas que amarelam quando chega o Outono. Direcione a luz com aberturas zenitais, e utilize mobiliário na cor para diferentes ambientes. 

Até a próxima,

Equipe Vobi.

Referências

ArchDaily

Dezeen

Follow The Colors (https://followthecolours.com.br/art-attack/por-que-van-gogh-se-apaixonou-pelos-girassois/)

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